COMO SUPERAR UM TRAUMA COM A AUTORREGULAÇÃO

No artigo anterior falamos sobre o trauma. É importante entender que a integração do trauma não se resume na questão de curar e seguir em frente. É necessária que os sobreviventes desenvolvam uma gestão cuidadosa da vida. O recomendado para um sobrevivente de um trauma é iniciar trabalhando a autorregulação, ou seja, regular a si mesmo.

O que é autorregulação?

A autorregulação pode ser definida como à competência que uma pessoa tem em monitorizar e avaliar os pensamentos, emoções, comportamentos e motivações. Essa habilidade promove a capacidade em planejar, organizar e executar os objetivos desejados como também em evitar os resultados indesejados.

Vamos imaginar que uma pessoa teve um dia muito estressante e está mais sensível, ela inicia uma conversa com seu cônjuge, ele fala algo que essa pessoa não aceita e ela fica irritada, desconfortável, como essa pessoa sabe que não teve um dia bom, ela identifica que foi afetada pelo comentário do outro, então ela decide não reagir de forma negativa naquele momento, e prefere dizer ao seu cônjuge que não está se sentindo muito bem e que seria melhor deixar essa conversa para um outro momento.

Quando a pessoa desenvolve a habilidade de autorregulação, ela responde à situação através da sua avaliação de seus recursos internos, ao invés de se deixar controlar pela influência de fatores externos ou ficar passiva aos acontecimentos a sua volta.

Com essa capacidade desenvolvida o individuo opera o comportamento cognitivo aprendido e melhora a sua interação em seus relacionamentos, conseguindo então, conviver melhor socialmente.

Podemos deixar definidas as três fases para a autorregulação, são elas:

Fase para preparação: Nessa fase se faz uma análise da situação e usar-se o aprendizado de situações anteriores para favorecer o individuo.

Fase da ação: Nessa fase a pessoa coloca em prática o comportamento mais adequado para a resposta da situação atual.

Fase de autorreflexão: Essa fase é muito importante, pois é a fase da valoração dos resultados alcançados.

Ao trabalhar na autorregulação, o individuo irá recuperar a sensação de controle interior e experimentará o estresse sem tentar fugir dele, desta forma o sobrevivente será beneficiado ativando uma resposta espontânea ao trauma e não a reposta da luta, fuga ou congelamento que, geralmente, foi provocado com a história traumática.

Existem diversos componentes da autorregulação que são relevantes, entre eles auto-eficácia, que é a confiança desenvolvida na própria capacidade para atingir metas definidas, como também o autoconhecimento, reconhecer a própria história, contribui em identificar forças e fraquezas, como qualidades e competências do indivíduo.

O controle interno proporciona ao indivíduo a capacidade de monitorizar os indicadores de resiliência físicos, como pressão arterial, hormônios do estresse, funções imunológicas, etc.

Como o evento traumático causa extrema angústia, medo e diversos sentimentos negativos duradouros, afetando o sistema parassimpático e nervoso, a autorregulação irá ajudar essa pessoa a reconectar-se ao corpo e recuperar a sensação de controle interior.

O princípio aqui é, recuperar  o acesso às memórias e respostas do corpo que foram congeladas pelo trauma, os sobreviventes precisam expandir seu controle sobre a resposta de estresse instintiva, ou seja, espontânea ao trauma.

No entanto, como mencionado anteriormente, isso precisa ser alcançado sem ativar uma resposta de desligamento como luta, fuga ou congelamento que, geralmente, é desencadeada pelas lembranças do evento traumático.

Em uma sessão terapêutica, o terapeuta pode encorajar o cliente a expandir os sintomas desconfortáveis, para que o sobrevivente experimente uma sensação de controle sobre eles. E essa técnica tem sido a mais utilizada para o (TEPT) Transtorno de Estresse Pós-Traumático com resultados surpreendentes.

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Josie OLiveira, PhD

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